Al-Madan IIª série, n.º 22, Novembro 2019

 

EDITORIAL

 

Nesta edição, a Al-Madan contribui para a apresentação e o debate de diferentes modelos de gestão do Património cultural, que ocupa hoje os especialistas da área e sectores transversais da sociedade portuguesa. Fá-lo através de um dossiê que reúne um conjunto de textos de opinião e reflexão, nomeadamente nos domínios do Património arqueológico, museológico, arquitectónico, imaterial, geológico e paisagístico. São ainda discutidas tendências, conceitos e paradigmas da gestão pública e privada do Património, bem como o papel desempenhado pelas estruturas associativas e outras formas de organização da sociedade civil. Pro fim, promove-se o balanço e a análise prospectiva de experiências como a do Parque Arqueológico do Vale do Côa / Museu do Côa, da Rota do Românico e da Rota do Fresco. Completam o dossiê textos breves que abordam outras soluções de gestão patrimonial, aqui tratadas como estudos de caso.

Mas há outros motivos de interesse nas páginas seguintes.

No espaço reservado aos cronistas habituais, retoma-se o tema candente da gestão dos espólios arqueológicos, a propósito da discussão alargada de uma proposta de "recomendações de boas práticas" promovida pela DGPC e por outras instituições. Noutro plano, são tratados os conceitos de "tempo de memória" e de "memória do tempo", para constatar que a sua desarticulação dificulta a recriação das identidades tradicionais nas sociedades contemporâneas.

Dois artigos dão-nos conta da eventual identificação de um templo na proximidade do teatro romano de Felicitas Iulia Olisipo (Lisboa), e da escavação de uma extensa unidade de produção de cal que, provavelmente, alimentou o crescimento urbano de Pax Iulia (Beja), enquanto um terceiro apresenta alguns resultados de um projecto dedicado à Arqueologia subaquática no arquipélago de Cabo Verde.

A reactivação das preocupações quanto à investigação e salvaguarda das necrópoles megalíticas da Serra do Alvão, em Vila Pouca de Aguiar, justifica um novo olhar sobre as "extraordinárias" descobertas publicitadas pelos padres Rodrigues e Brenha no início do século XX.

Em paralelo, o papel de Manuel Vieira Natividade (1860-1918) na Arqueologia portuguesa e, em particular, na região de Alcobaça, é evocado por ocasião do centenário da sua morte, ao mesmo tempo que se dá conta de projecto para erguer em Lisboa uma imponente construção inspirada na Torre Eiffel, intenção que, paradoxalmente, só viria a ser concretizada, e de forma bem mais modesta, na Festa dos Tabuleiros que animou Tomar em 1914.

Resta referir um diversificado noticiário arqueológico e espaços que destacam eventos científicos em agenda e novidades editoriais.

Como sempre, votos de boas leituras!...

 

Jorge Raposo [in p. 3]

 

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